22 septembre 2008

Paralímpicos 2008: "É preciso criar uma nova cultura de inclusão em Portugal"

"O regresso de pekin, dos nossos Heróis"
Fotos: jornal Record (LINK1) (2)
*

Artigo enviado pela Carlinha a quem agradeço imenso:

*

Paraolímpicos 2008: "É preciso criar uma nova cultura de inclusão em Portugal"

Publicado no JPN: 11.04.2008

No acompanhamento dos Jogos Paraolímpicos de Pequim, esta semana o JPN falou com Humberto Santos, presidente da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes.
O presidente da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes (FPDD), Humberto Santos, acredita que apesar do aumento de competitividade nos Jogos Paraolímpicos, Portugal vai fazer uma boa exibição em Pequim 2008. “Contamos encontrar, em Pequim, uma forte concorrência com alto nível de competitividade”, disse, em entrevista ao JPN.
O presidente da FPDD defende que deve ser criada “uma nova cultura, uma nova forma de ver a participação dos cidadãos com deficiência na sociedade”. Salientou que o desporto em Portugal está centralizado no futebol e que todas as outras áreas desportivas são negligenciadas pelos órgãos de comunicação social.
*
Tendo em conta os resultados obtidos por Portugal, quer nos Paraolímpicos de Atenas em 2004 quer em campeonatos internacionais e nacionais, quais as expectativas para os Jogos Paraolímpicos de Pequim?
Estou consciente de que temos estado a fazer um trabalho importante. Os atletas, os técnicos e os clubes têm estado profundamente empenhados, os resultados estão a aparecer, as qualificações estão também a surgir. No entanto, não nos é indiferente e não estamos alheios a que, a exemplo do que se passa em Portugal, outros países estão a trabalhar seriamente neste projecto. Contudo, acreditamos que, independentemente dos resultados de pódio ou não, vamos ter uma boa participação em Pequim.
Sente que nos últimos anos tem havido um aumento de competitividade nos campeonatos internacionais e nos Jogos Paraolímpicos?
Em cada ciclo paraolímpico verifica-se que há um maior crescimento, uma maior qualidade, um maior número de atletas, o que adiciona, obviamente, maiores dificuldades na obtenção de resultados de pódio. Desta forma, contamos encontrar, em Pequim, uma forte concorrência com alto nível de competitividade.
Quais são as principais diferenças entre a comitiva de Atenas 2004 a e a de Pequim 2008?
Temos a expectativa de apenas levar mais cinco atletas do que em Atenas. Além disso, em Pequim pensamos ter mais uma modalidade: a vela. Assim, a nossa perspectiva é aumentar o número de atletas e aumentar o número de modalidades. O número de modalidades está garantido já, uma vez que a vela está qualificada, vamos ver se conseguimos o número de atletas. Os atletas ainda não estão todos apurados, portanto.
Não estão todos apurados ainda, há provas que ainda vão decorrer e os apuramentos podem ser feitos até Junho.
No apuramento dos atletas para os Jogos Paraolímpicos está também a funcionar um sistema de quotas de género. Em que consiste?
Por exemplo, no atletismo por cada três atletas do sexo masculino tem que participar uma atleta de género feminino. Portugal tem uma diferença substancial de participação na actividade desportiva entre homens e mulheres. Apesar de termos mulheres a praticar desporto em termos regulares, ao mais alto nível e com resultados para Pequim não são tantas quanto isso.
Portugal tenciona levar atletas de sete modalidades a Pequim. Porque é que não há atletas das outras 13 modalidades?
Temos um longo caminho a percorrer. O desporto em Portugal para as pessoas com deficiência ainda se encerra muito nas associações e organizações da área da deficiência. É necessário darmos um passo em frente, o que significa que precisamos que o desporto para as pessoas com deficiência seja mais divulgado e praticado nos clubes desportivos de cada cidade, de cada vila, onde todas as outras pessoas participam também.
Quais são as consequências de grande parte do desporto para pessoas com deficiência ser praticado apenas nas organizações e associações a eles dedicadas?
Reduz a oferta relativamente a todos aqueles que querem praticar desporto. Assim, ao reduzir a oferta, reduz o número de participantes e reduz o número de modalidades. Há um salto que nós temos que dar, mas um salto quantitativo. Contudo, só será possível dá-lo no dia em que os clubes desportivos e as organizações que estão ligadas ao desporto em Portugal tenham abertura para incorporar nas suas actividades o desporto para pessoas com deficiência.
A Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes foi criada em 1988. Quais são os seus objectivos?
O desenvolvimento do sistema desportivo na área da deficiência, que encerra em si a preocupação de criar as condições nacionais para a prática regular do desporto por parte das pessoas com deficiência. Assim, pretendemos tentar dinamizar processos que visem universalizar o acesso ao desporto por parte deste grupo de cidadãos.
Face às inúmeras dificuldades de aceitação que as pessoas com deficiência encontram em Portugal, o que considera que seja necessário mudar?
Nós precisamos de criar uma nova cultura de inclusão ao nível do nosso país, que se reflicta não só no desporto, mas também no próprio dia-a-dia, nas mais variadas situações: na educação, no emprego, na aferição de espaços públicos, no acesso aos bens e serviços, entre outros. Precisamos que haja uma visibilidade diferente das pessoas com deficiência, bem como o desenvolvimento de processos que visem a efectiva inclusão das pessoas na sociedade.
Considera que os Jogos Paraolímpicos e as medalhas conquistadas têm um tratamento negligenciado pela comunicação social?
Acho que a Federação tem conseguido captar uma parte substancial da atenção da comunicação social. Contudo, ainda assim considero que mais poderia ser feito. No entanto, se falasse com outros presidentes de federações, que não fosse o futebol, chegaria à conclusão que eles achavam o mesmo que eu. Aquilo que nós comentamos é que há demasiada visibilidade do futebol em detrimento de muito mais do que o futebol e que é feito com resultados, com grande brio e grande entrega. O que queremos é que se difunda regularmente esta realidade desportiva.
O apoio financeiro que a federação recebe é suficiente?
Não é em Portugal como não é em nenhuma parte do mundo que eu conheça. É legítimo que todos queiramos sempre mais, desde que seja numa perspectiva de crescimento, de alargamento, de aprofundamento da actividade desportiva. Todos nos queixamos de falta de recursos, mas acho também que todos temos que ajudar a melhorar este sistema.
Há quatro anos Rosa Mota foi a embaixadora da comitiva de Atenas. Para este ano já há algum nome?
Não, ainda não. Esse assunto ainda não está tratado no seio da Federação. Temos várias hipóteses, incluído a possibilidade de haver mais do que um, mas ainda não há nenhuma decisão objectiva relativamente a esta matéria.
Os estatutos para o primeiro Comité Paraolímpico Português foram recentemente aprovados. Qual vai ser o próximo passo?
A decisão por parte da Federação está tomada, aliás há cobertura legal do quadro nacional para o efeito. A Comissão Instaladora do Comité começou a funcionar há relativamente pouco tempo. Estamos à espera de definir o quadro logístico necessário para o lançamento deste novo órgão. O nosso objectivo é que logo após Pequim, em Outubro, sejam criadas as condições para se proceder às eleições para o Comité Paraolímpico, para que o ciclo olímpico de 2009/2012 seja já ele dinamizado sob a égide do Comité Paraolímpico Português.
O Comité vai actuar em colaboração com a Federação?
Inevitavelmente. Vai não só actuar em colaboração com a Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes, como também com todas as outras associações/organizações que tenham atletas de alta competição, sobretudo em condições de participar ao nível dos Paraolímpicos. O Comité terá que agregar toda a dinâmica, todo o desenvolvimento desportivo de alto nível que possa obviamente contribuir para o desenvolvimento da dimensão paraolímpica do Mundo e de Portugal também.

Fonte:jpn (LINK)
*****

É de Abril eu sei mas está super actual.
Quero escrever um artigo que foque o nível incrível de SUPERAÇÃO destes atletas paralimpicos, que sem dúvida são todos uma lição de vida para o MUNDO.
Para mim é desporto de Superação.
Ganhar medalhas?

Ok, pode ser importante para a auto estima e estímulo, mas só a presença deles e a sua força de vontade, faz deles os maiores vencedores.
Amo essa gente.
Carlinha
*****
Obrigado Carlinha,
Destaque também para as paginas do RECORD (LINK) ( +Resultados de Pekin 2008)
Grande abraço.
Pedro

Aucun commentaire: