03 avril 2008

Entrevista - Alvaro Gonçalves (Fão)

Nome Hoquistico: Álvarinho
Ano de nascimento : 1987
Clube actual : Sem Clube
Clubes que já representou: Estrela Vigorosa ; Juventude Pacense ; H.C.Fão ; C.D.Póvoa


Pedro Antunes : Como é que vieste « aterrar » ao Hóquei em patins (risos) ?
Alvaro Gonçalves :
Eu comecei a praticar hóquei em patins quando tinha 4 anos. Os meus pais exploravam um café no Vigorosa e um dos treinadores das escolinhas convenceu-os a porem-me no hóquei.

P.A. : Para que as pessoas te possam conhecer melhor, qual foi o teu percurso hoquistico, desde que começás-te com este desporto ?
A.G. :
Eu, como já disse, comecei no Vigorosa. Mais tarde, os meus pais por motivos profissionais foram trabalhar para Paços de Ferreira e fui para o Juventude Pacense. Quando os meus pais voltaram a mudar o local de trabalho, voltei para o Vigorosa. Aí já morava em Fão, mas o treinador que me fez entrar no hóquei em patins estava a dar aulas em Esposende e nos dias de treino levava-me para o Porto. Como a minha mãe trabalhava no Continente em Matosinhos (hoje é o Norteshopping), ela passava pelo Vigorosa para me ir buscar. Entretanto a minha mãe mudou de emprego e deixei de poder ir. Em Fão ainda não havia hóquei e estive 5 anos sem pegar nuns patins. Após um ano do Hóquei Clube de Fão ter sido fundado entrei para lá até ao ano passado. Pelo meio, saí do H.C.Fão para estar uns meses no Desportivo da Póvoa.

P.A. : Estás satisfeito com o percurso que tens feito até agora ? Que outros « objectivos » tens previstos ou gostarías de atingir no futuro?
A.G. :
Sinceramente não estou satisfeito. Se eu te disser que apenas joguei três épocas, acreditas ? Eu tive o azar de ser um ano mais velho que os meus colegas no Fão e nunca podia jogar. Nunca havia escalão para mim. Antes de jogar qualquer época pelo Fão tentei ir jogar para o Desportivo da Póvoa. Mas lá só havia juniores e eu era juvenil e portanto também não tive sorte. Era triste para mim ver os anos a passar e não poder competir, os meus treinadores não me exigirem a mim o mesmo que exigiam aos outros e, portanto, ver as minhas capacidades serem desperdiçadas.
Joguei um ano nos juvenis, quando já estava no meu último ano desse escalão. No ano a seguir como não havia juniores fiquei parado. Continuei a ir treinar mas ficava triste quando via os colegas que jogavam comigo irem assinar as convocatórias e eu não podia jogar. Era apenas um miudo que queria fazer aquilo que gostava e não podia. Ao mesmo tempo via jogadores a não quererem saber daquilo e só pensava que, realmente, Deus dá nozes a quem não tem dentes. Depois consegui jogar duas épocas seguidas. No final da época anterior à primeira dessas épocas estava entusiasmado com a época a seguir e até fiz dieta (risos), porque com o passar de anos sem competir o corpo também se ressentiu e tinha que perder peso. Quando a época começou tinha o peso ideal e a nível pessoal a época foi muito boa. Foi o melhor ano que vivi no hóquei em patins.
O ano passado joguei apenas até Março porque o campeonato apenas tinha 3 equipas e desde lá até agora nunca mais joguei hóquei.
Hoje em dia já não tenho objectivos a atingir. Apenas gostava de poder jogar hóquei em patins. Mas ao mesmo tempo penso quem é que quer na equipa um jogador com tão pouca competição ? Eu sinto que poderia ser um jogador melhor, nada de extraordinário mas mais completo, mas como nunca pude competir, limito-me áquilo que aprendi em 3 anos.

P.A. : Que importancia tem para ti o Hoquei em patins e que tempo te ocupa durante a semana ?
A.G. : O hóquei em patins é muito importante para mim. Agora não porque este ano não treino sequer, mas quando estudava e treinava, um treino no fim do dia era ideal para desgastar o resto das energias que gastava no estudo. Este ano ainda estive a ajudar o meu treinador a dar os treinos (ele sabe que adoro o hóquei e foi uma forma de eu não me desligar nem da modalidade nem do clube) e ainda dei alguns treinos nas escolinhas mas como estou no último ano do meu curso e não jogo, decidi dedicar-me inteiramente aos estudos.
Portanto, as horas que o hóquei me ocupa durante a semana depende dos jogos que eu vou ver ao fim de semana.

P.A. : Quais foram os melhores momentos que viveste no hóquei ? Tens algumas « anedotas especiais » para nos contar » ?
A.G. :
Na minha primeira época de junior vivi momentos fantásticos. A minha equipa era excelente e o ambiente no balneário era espectacular.
Mas um dos momentos mais marcantes foi o meu primeiro golo. Foi a minha primeira época a jogar e era juvenil. Lembro-me perfeitamente do lance e tenho na cabeça a imagem de ver a bola a entrar pela primeira vez dentro da baliza. No dia anterior, no treino, tinha marcado um golo igualzinho.
Um momento caricato foi no dia de Carnaval de 2006. Tinhamos jogo na terça de manhã nas Taipas e tinhamos ido quase todos para a noite. Nesse jogo fomos desfalcados porque um colega de equipa entrou em coma alcoólico.(risos)

P.A. : Quais são para ti, os principais valores que uma equipa de hóquei deve ter ?
A.G. : Uma equipa de hóquei deve ter acima de tudo um enorme espírito de união, deve funcionar como uma famíla. Para além disso, deve haver um enorme espírito de sacrifício pois por vezes não é fácil conciliar o hóquei com outras actividades.

P.A. : Pensas que esses valores são sempre respeitados ? Porquê ?
A.G. : Não, principalmente o primeiro. Há equipas às quais faltam humildade e os jogadores tentam ser melhores que os outros. É bom um jogador querer ser melhor que o outro mas uma rivalidade excessiva só prejudica a equipa dentro do ringue porque um jogador assim tenta sempre mostrar-se e para isso apenas joga individualmente e o hóquei, actualmente, é um desporto colectivo. Hoje em dia o hóquei em patins já não é para jogadores como o Panchito. Aliás, ser até é mas não há jogadores assim.

P.A. : O que é que mudarias, para melhorar o hóquei em patins nacional e internacional ?
A.G. :
A nível nacional mudaria algumas « regras ». Não digo a nível de jogo mas a nível de inscrições de jogadores, especialmente nas camadas jovens. Os clubes pagam muito dinheiro e nem todos têm fontes de receitas. Para além disso, não sei se há, mas se não houver, era bom criarem, por vezes, um regime de excepção para jogadores que passem por aquilo que eu passei. No meu caso, a minha equipa não iria ficar muito mais forte por eu fazer parte dela e ter um ano a mais do que os outros atletas. A equipa iria ganhar um jogador activo, que aprendesse (não é esse o objectivo nas camadas jovens ?) e que queimasse as etapas todas de formação para estar minimamente preparado para os seniores.
A nível internacional deveriam haver, por exemplo, mais torneios de pré-época entre equipas de países evoluídos a nível de hóquei com equipas de países onde o hóquei não é tão forte, se possível nos países dos mais « fracos ». Seria um grande estímulo para a evolução do hóquei em patins.

P.A. : O que é que pensas da vitória de Portugal sobre a Espanha na última Taça Latina ?
A.G. :
Sinceramente tinha expectativa de ver a actuação de Portugal na Taça Latina. Não posso dizer que fiquei surpreendido porque conhecia alguns dos jogadores que lá estavam. Uns por os defrontar nas camadas jovens e outros em jogos que ia assistir. O que sei, é que com traba
lho, crer, humildade e disciplina o hóquei português pode voltar a ultrapassar o espanhol.
As pessoas não podem é esperar que Portugal volte a ser aquela equipa que dava espectáculo dentro do ringue. Os jogos hoje em dia são muito tácticos e quem joga para agradar ao público normalmente perde e no fim é o próprio público que critica o não aparecimento de resultados positivos.
Para além disso, o Luis Senica conhece todos esses jogadores porque passaram pelas mãos dele nas camadas jovens e, portanto, ele sabe o que pode retirar de cada um e, certamente, como o pode fazer.

P.A. : Se eu te disser que só temos 10 pistas cobertas na Suiça, o que é que te inspiram os últimos resultados das seleções Suiças a nível Internacional (n.d.r. 3° no Euro Juniors 2005, 2° no Euro Séniores 2006, 2° no Mundial Séniores 2007) ?
A.G. :
O que posso dizer é que a Suiça está a trabalhar no sentido de querer mostrar que o hóquei não se resume a Portugal, Espanha, Itália e Argentina. Com as condições que têm estão a fazer um excelente trabalho e ele não é fruto do acaso. Não foi só numa competição que a Suiça esteve bem classificada. Pelo contrário, já começa a ser um hábito. Actualmente a Suiça está ao nível da França, se não um pouco melhor e equipas como essas começam a incomodar os « grandes ».
Não quero crer que seja por desleixo dos países « mais fortes » mas sim por total mérito da Federação Suíça e por toda a sua equipa.

P.A. : Pensas que o Blog Patinslover, tem de alguma forma ajudado a divulgar o Hóquei em patins ? Quais são os temas do blog que preferes ?
A.G. :
Antes de mais tenho de te dar os parabéns pelo blog. Lembro-me que o conheci quando comentaste o meu pela primeira vez e desde aí, quase todos os dias navego no Patinslover.
É de gente assim que o hóquei precisa.

Gosto das notícias do hóquei mais desconhecido, essencialmente o africano, e que quer voltar a aparecer no panorama mundial e tu estás a contribuir e muito para que isso aconteça.

Pedro Antunes : Para terminar, que mensagem gostarías de deixar, para acabar esta pequena entrevista ?
Alvaro Gonçalves :
Gostava de dizer que todos os amantes da modalidade devem aproveitar a vitória na Taça Latina para deixarem de lado o Mundial de Montreaux e ajudarem a voltar a encher os pavilhões de pessoas porque assim será muito mais fácil a modalidade que mais títulos deu a Portugal voltar a fazer parte do quotidiano dos portugueses.

Obrigado pela tua participação e um grande abraço para ti.
Pedro Antunes.

P.S. : Visitem o Site de Alvaro Gonçalves : http://mywork.blogs.sapo.pt/
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Brevemente:
Entrevistas de Marta Leite (Alfena) & de Luis Querido (Liceu)

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