23 avril 2009

Palavras de Francisco Velasco, a propósito do artigo do Zé Carlos

Palavras de Francisco Velasco, a propósito do artigo do Zé Carlos
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Olá, Zé Carlos.

Admiro a tua incansável persistência, sempre em cima das coisas do Hóquei e animado por essa tua paixão pela modalidade que não te larga há pelo menos 40 anos. Quarenta anos!. e tu aí apareces e desapareces com um «fumo», cheio de ideias e projectos. Pareces o D. QUIXOTE, a correr atrás dos Moínhos de Vento.

No Mundo, o Hóquei em Patins Internacional, está morto, de morte matada! Isso para não falar a nível Nacional, onde o cenário é confrangedor. Só existem dois países com potencial permanente, Portugal e Espanha. O resto são aprendizes «do feiticeiro» que por vezes aparece, como «um sabe tudo» (tal como sucede por estas bandas) e toma conta duma selecção. A a sua influência é zero, ABSOLUTAMENTE ZERO.

Acho que à semelhança dos USA que promovem o Futebol Americano e estão se marimbando para o resto do planeta, a Espanha e Portugal deviam criar uma LIGA IBÉRICA e atacar a sua implementação via um Marketing agressivo a fim de enraizar um Imagem forte de modo a cimentar definitivamente o seu futuro.

O modelo actual de Grupos A e Grupos B, a competirem para subirem ou evitar baixar de escalão, não funciona para a expansão do Hóquei, é absoleto.

Os modelos a estudar e introduzir, têm de ser REGIONAIS, Macau, China, Australia, India, Japão, etc. têm de progredir isoladamente.

Cada cidade deve ter pelo menos 4 a 6 equipas, (tal como em Lourenço Marques do passado) cujos hoquistas evoluiram por si próprios a pontos de terem dominado o Hóquei Mundial. O mesmo se aplica à África Austral, com Moçambique, África do Sul, Angola, ao continente Americano, com o Brasil, Chile, Argentina e USA, e à Europa dos turistas, como a Bélgica, Inglaterra, Holanda, França, Alemanha e Itália.

Têm de fazer o caminho sózinhos, sem esperar nada das FIRS, CIHR e CERS, tão pouco das suas Federações. Esses são lugares de «poleiro», burocratas empenhados com papéis, e alguns «encartados» que pouco percebem como é que o Hóquei evoluíu.

E quem não conhece o passado, nunca perceberá o futuro e digo-te, com franqueza, que nos meus largos anos ligados apaixonadamente à Modalidade, sempre muito próximo dela e deles, dos protagonistas, nunca ouvi NINGUÉM discorrer sobre algo de interesse e fosse revelador de conhecimentos alargados e integrados.

O que vejo são os Dirigentes e outros imbecis, armados em «engenheiros» de canetas nas mãos, a mudarem as linhas de anti-jogo dum lado para outro, a aumentar as balisas, a alargar o equipamento dos guarda-redes, a mudar as marcações do campo, sem mínima racionalidade, sem o mínimo suporte inteligente para essas alterações.

Não percebem nada de Hóquei e põe-se com ares de eruditos a opinar sobre coisas que não conhecem e que nem sequer estudam como deve ser.

Com excepção dos actuais, conheci todos outros ao longo de SESSENTA anos. São todos uns cromos que não gostam de ser contrariados com argumentos sensatos e lógicos, porque ficam «chateados» ao serem vistos com burros que são. Atiram nessas alturas a frase mais inóqua que existe - «NA MINHA OPINIÃO...!»

Num Curso de Treinadores de que fui Prelector, abri a sessão dirigindo-me a uma vintena deles, todos activos na nossa praça e outros em busca de licenciamento, com a seguinte declaração:

- «Sou uma pessoa que não se interessa por «OPINIÕES», seja de A, seja de B, pois eu só expresso «CONHECIMENTOS». Todavia, se algum de vós pretende transmitir o seu conhecimento, eu cedo o microfone imediatamente.

O resutado foi que falei durante três ou quatro e horas e ninguém pediu o microfone.

Claro, como o Conhecimento é algo que é adquirido com dedicação, estudo e experiêcia ao longo do tempo, que permanece conosco pois ficamos casados com ele, sendo fácil libertá-lo por pior orador que se sejamos.

Quanto à Opinião, esta depende do assunto e é sempre contrária a uma opinião já exposta.

Exemplo: (exagerado, mas real):

- Falando de rinques de dimensões 40x20 metros, alguém sugeriu que a linha de anti-jogo deveria estar a 18 metos da tabela de tôpo. Aí o Chico esperto interrompe, rápido por ter a palavra:

- Na minha Opinião, acho que a linha deve ser traçada a 22 metros da tabela de fundo. Isto invariávelmente leva a uma discussão sem fim, indiferentes ou incoscientes que os 18 ou 22 metros, são afinal exactamente a mesma coisa para efeitos práticos.

Caro Zé, posso estar muito pessimista mas pelo menos digo qualquer coisa a teu pedido. Podes mandar este ao Patin Lover, que pelos vistos é também um apaixonado como nós.

Um abraço.
Francisco Velasco
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Quero aproveitar para dizer ao Sr. Francisco Velasco (Foto do site FPP), que foi com o seu Livro "Hoquei em Patins", que muitas gente começou a fazer atenção à parte tactica do treino.
E que foi o primeiro "livro de Hoquei que eu recebi e me deu gozo ler".
Já là vão alguns anitos ;-)
Num próximo artigo, direi o que penso de algumas das suas palavras aqui escritas.
Obrigado Sr. Velasco (pode ver mais fotos suas aqui)
Pedro Antunes
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A opinião do Rinito Rita - 23.04.09:
Amigo Pedro
Estive a ler o artigo do Srº.Velasco e o que tenho a dizer, é que este homem que foi para muitos o melhor jogador do mundo, está ainda hoje muito à frente, no que diz respeito à visão e perspectiva, que tem em relação ao Hóquei em Patins. Por isso, ele é que deveria de estar à frente dos destinos da nossa modalidade a nível mundial. Só que para actuais dirigentes, isso sería muita confusão e não permitem uma pessoa tão competente, à frente dos destinos da nossa modalidade .
Bem haja SrºVelasco. Cumprimentos
Rinito
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Outros comentarios deixados no artigo "José Carlos, reage a um artigo publicado no site d..." :
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Concordo com os protestos.
Apesar de ser português, não pude deixar de ver o lado positivo das derrotas com a França e a Suiça no mundial passado. Evita a monótona hegemonia das 4 habituais potências e torna a modalidade mais interessante. Era muito bom que a Espanha tivesse uma surpresa semelhante neste mundial, e seria merecida depois de tanta presunção! Lembro-me de no mundial de 2003 a Espanha se ter visto aflita frente a Moçambique, e só ter conseguido ganhar com um golo oferecido pela arbitragem.
Cumprimentos,
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Amigos do Hóquei
Infelizmente os aspectos finaceiros sobrepõem-se a tudo e mais uma vez está provado. As guerras de audiência, os aspectos comerciais das TV'S, os Srs directores das Federações chamadas grandes, etc, ainda levam a modalidade ao desaparecimento.

1 commentaire:

Sim a dit…

Sou Salesiano em conhecido neste blog, mas não o percorri na totalidade. O Zé Carlos Rodrigues não é o "garrafão! Fomos colegas no IMA Namaacha. Já encontrei o teu nome num blog à procura de colegas, mas o e-mail deu inválido. Deixo aqui o meu contacto 912539671 josecrl.rosario@gmail.com