Caro Pedro Antunes
Não resisti. A leitura da “visão de Toni Saviol” mostra-nos um homem amargurado e com toda a razão.
Ambicionar entrar nos Jogos Olímpicos foi um sonho antigo, de pelo menos quatro décadas. Em 1982, em Barcelos, foi organizado um Mundial com o maior número de participações, 22 países e até 1992, desencadeou-se uma corrida para alcançar o objectivo em Barcelona.
O sonho desfez-se e Portugal, pressupostamente forte candidato à vitória, nem sequer Bronze conseguiu. Foi um autêntico desastre! O Pedro Antunes estaria ocupado com outros afazeres, mas eu acompanhei toda a saga. Os leaders do Hóquei em Patins, com notória preponderância dos nossos, estavam mais empenhados em entrarem eles no céu Olímpico do que meterem lá a modalidade, dada a maneira como tudo foi preparado. Nisto concordo com Sariol.
Daí o desapontamento dele quando cita: “ahora tenemos 25 países solamente”, se é que está correcto, o que corresponde a um aumento, cito eu, “ de solamente 3 países”, em 27 anos!
Quanto ao desporto ser muito caro, depende da maneira como se encara esta questão:
Em primeiro lugar, há demasiada gente a vender equipamento desportivo por esse mundo fora, sinais do tempo… Desde a iniciação que equipam a miudagem com material de alta competição que custam uma fortuna, quando os patins que a Avó poderia comprar num supermercado, serviriam o mesmo propósito: o de aprender a patinar!
Relembro que os candidatos a hoquistas da minha geração, nos confins do mundo luso de então, entraram na pista com uma variedade considerável de patins de recreio o que não impediu que se tornassem no futuro exímios patinadores. Uns calções e camisetas vulgares e um setique, relativamente baratos, eram a praxe. No meu caso pessoal, um par de botas e chassis duraram toda a minha carreira desportiva sénior, durante a qual só mudava as rodas e, um par de vezes, os jogos de rolamentos. As rodas eram da marca Valcor, fabricadas em Portugal, (curiosamente, 20 anos depois, um jogador da selecção de Espanha perguntou-me onde podia adquiri-las). Essas rodas serviam para todos os pisos, de cimento, de madeira, de mosaicos ou fibrosos. A moda das rodas adaptadas a pisos lentos, rápidos ou sintéticos, estava para vir e está mesmo a ver-se a quem beneficiavam.
Sobre o travão que as distâncias entre Clubes põem à evolução do Hóquei. Não será que devíamos rever os Quadros Competitivos e a função das Associações de Patinagem, que cá não passaram de meras correias de transmissão da burocracia da Federação?
As Associações Distritais de Moçambique, no tempo da Nossa Senhora, das cidades de Lourenço Marques e da Beira, sem olhar para fora, geriram cinco a seis Clubes cada uma, que jogavam entre si regularmente, percorrendo curtas distâncias entre bairros.
E não houve evolução? Claro que houve, alguns dos seus Clubes foram Campeões Nacionais e vencedores da Taça de Portugal e, o que é extraordinário, uma dezena dos seus jogadores tornaram-se Campeões do Mundo e da Europa, impondo-se aos demais durante uma década. Esquecemos esta história e hoje não sabermos onde nos encontramos nem para onde nos virar.
Não me surpreende Toni Saviol, que na sua amargura e certa nostalgia pelo Olimpismo, pretenda manter-se colado ao Hóquei em Patins em Linha, não reparando que este não pode ser BEM praticado nas pistas do hóquei tradicional, pois foram apetrechos concebidos para se deslocar em frente, sobre pisos quanto mais rugosos melhor.
Caro Pedro Antunes, “temos que de virar o disco e tocar outra coisa qualquer”
Um abraço
Francisco Velasco
Não resisti. A leitura da “visão de Toni Saviol” mostra-nos um homem amargurado e com toda a razão.
Ambicionar entrar nos Jogos Olímpicos foi um sonho antigo, de pelo menos quatro décadas. Em 1982, em Barcelos, foi organizado um Mundial com o maior número de participações, 22 países e até 1992, desencadeou-se uma corrida para alcançar o objectivo em Barcelona.
O sonho desfez-se e Portugal, pressupostamente forte candidato à vitória, nem sequer Bronze conseguiu. Foi um autêntico desastre! O Pedro Antunes estaria ocupado com outros afazeres, mas eu acompanhei toda a saga. Os leaders do Hóquei em Patins, com notória preponderância dos nossos, estavam mais empenhados em entrarem eles no céu Olímpico do que meterem lá a modalidade, dada a maneira como tudo foi preparado. Nisto concordo com Sariol.
Daí o desapontamento dele quando cita: “ahora tenemos 25 países solamente”, se é que está correcto, o que corresponde a um aumento, cito eu, “ de solamente 3 países”, em 27 anos!
Quanto ao desporto ser muito caro, depende da maneira como se encara esta questão:
Em primeiro lugar, há demasiada gente a vender equipamento desportivo por esse mundo fora, sinais do tempo… Desde a iniciação que equipam a miudagem com material de alta competição que custam uma fortuna, quando os patins que a Avó poderia comprar num supermercado, serviriam o mesmo propósito: o de aprender a patinar!
Relembro que os candidatos a hoquistas da minha geração, nos confins do mundo luso de então, entraram na pista com uma variedade considerável de patins de recreio o que não impediu que se tornassem no futuro exímios patinadores. Uns calções e camisetas vulgares e um setique, relativamente baratos, eram a praxe. No meu caso pessoal, um par de botas e chassis duraram toda a minha carreira desportiva sénior, durante a qual só mudava as rodas e, um par de vezes, os jogos de rolamentos. As rodas eram da marca Valcor, fabricadas em Portugal, (curiosamente, 20 anos depois, um jogador da selecção de Espanha perguntou-me onde podia adquiri-las). Essas rodas serviam para todos os pisos, de cimento, de madeira, de mosaicos ou fibrosos. A moda das rodas adaptadas a pisos lentos, rápidos ou sintéticos, estava para vir e está mesmo a ver-se a quem beneficiavam.
Sobre o travão que as distâncias entre Clubes põem à evolução do Hóquei. Não será que devíamos rever os Quadros Competitivos e a função das Associações de Patinagem, que cá não passaram de meras correias de transmissão da burocracia da Federação?
As Associações Distritais de Moçambique, no tempo da Nossa Senhora, das cidades de Lourenço Marques e da Beira, sem olhar para fora, geriram cinco a seis Clubes cada uma, que jogavam entre si regularmente, percorrendo curtas distâncias entre bairros.
E não houve evolução? Claro que houve, alguns dos seus Clubes foram Campeões Nacionais e vencedores da Taça de Portugal e, o que é extraordinário, uma dezena dos seus jogadores tornaram-se Campeões do Mundo e da Europa, impondo-se aos demais durante uma década. Esquecemos esta história e hoje não sabermos onde nos encontramos nem para onde nos virar.
Não me surpreende Toni Saviol, que na sua amargura e certa nostalgia pelo Olimpismo, pretenda manter-se colado ao Hóquei em Patins em Linha, não reparando que este não pode ser BEM praticado nas pistas do hóquei tradicional, pois foram apetrechos concebidos para se deslocar em frente, sobre pisos quanto mais rugosos melhor.
Caro Pedro Antunes, “temos que de virar o disco e tocar outra coisa qualquer”
Um abraço
Francisco Velasco
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