Passei uma grande parte da minha infância e até da minha adolescência fora de Portugal, mas sempre fui habituado a ver o hóquei em patins como uma razão para nos orgulharmos de ser Portugueses. Nos últimos 30 anos, não há dúvida que Portugal conheceu um período de franco progresso, mas há coisas que é complicado mudar: certas mentalidades, hábitos, centros de decisão, entre outras coisas...
Muitos desportos viram o seu centro de poder e desenvolvimento sair de Lisboa para se descentralizarem. O hóquei em patins, como não podia deixar de ser, também se transformou muito. A título de exemplo, e ironias à parte, os derbies SCP-SLB já não se replicam anualmente nesta modalidade, em virtude de um dos clubes estar na 2ª divisão. O FC Porto, pelo seu lado, venceu 16 dos últimos 20 títulos. Anteriormente, os Dragões nunca tinham ganho nenhum!
Num país onde reina o «futebolês», e mais ainda o anti-portismo primário, isto é algo que faz muita confusão a muita gente.
As coisas mudam, os gostos e os hábitos alteram-se, e até dou de barato que apareçam novos desportos, como o futsal, que parecem atrair o interesse das massas, e desse modo «intrometer-se» entre os desportos que tradicionalmente têm maior impacto - futebol, andebol, basquetebol e hóquei em patins.
Mas o hóquei em patins deixou de estar na preferência dos portugueses? Claro que não. Qualquer Português que se preze vibra com uma vitória de Portugal e com um bom jogo de hóquei. Então porque é que parece que o hóquei parece proscrito do panorama desportivo nacional?
Há diversas razões, na minha modesta opinião. Precisamos de uma Federação forte e organizada ou então, em alternativa, uma Liga que seja capaz de constituir um chamariz para bons sponsors, e que saiba pelo menos organizar campeonatos e os respectivos calendários, de forma a salvaguardar o interesse dos seus clubes. Parece coisa óbvia, mas não é. Ou pelo menos não é no nosso hóquei em patins.
Temos uma Federação que faz «penar» os seus clubes em calendários apertados, e que deixa que as competições internas prejudiquem a acção dos clubes que ainda têm a coragem de nos representar no estrangeiro. Como é possível o FC Porto e o Candelária terem sido prejudicados como foram, quando representavam o país ao mais alto nível, em finais europeias?
Ouvimos desculpas esfarrapadas, sentimos o encolher de ombros e, sobretudo, uma total ausência de iniciativa, de dinâmica e de ideias. Vejam lá que o Presidente da Assoc. de Patinagem de Lisboa deixou escapar a seguinte «pérola»: «o que era bom era que o Benfica ganhasse o campeonato, isso é que seria bom para relançar o hóquei em patins!». Acho normal que o senhor em questão defenda um clube da sua associação, o que não acho nada normal é que se digam disparates.
Pelo amor de deus! Olhem se em Espanha se lembram de começar a apontar baterias para o sempre-campeão Barcelona? É que lá isso parece não ser problema, a OK Liga é a melhor liga do mundo, respira saúde e...sucesso.
Depois temos a questão dos «média», hoje em dia totalmente convertidos à lógica empresarial. Não interessa ser-se bom ou mau, sobrevive-se se se estiver enquadrado no grupo empresarial certo. As políticas editoriais de jornais e de TV não têm segredos: Privilegiar sempre as audiências e as massas. Sempre, sempre privilegiar quantidade em detrimento de qualidade. Depois dá no que vemos por aí. Às tantas, andamos a vangloriar segundos classificados e a esquecer-nos de quem realmente traz troféus para o país.
O hóquei em patins é actualmente demasiado «azul» para se encaixar nos projectos de sucesso em Portugal. Não há TV a aderir (e isto é quando não boicotam mesmo), não há sponsors fortes, enfim, é o chamado «abafanço», provavelmente até virem dias de «outras cores». Em Bassano, para a Final Four, estava UM jornalista Português, pasme-se. Isto dá uma dimensão muito real e preocupante do boicote a que me referi mais atrás.
No meio disto tudo, há um ou outro clube que continua a trabalhar bem, e com isso a colher frutos. Mas quando ganham não é por serem mais fortes, e por trabalharem mais? Não, aí entram os enredos complicados, os famigerados «sistemas». Estes sempre apresentam uma vantagem interessante: constituem o género de «lixo» que costuma vender bem em Portugal.
Mesmo correndo o risco de ser injusto, direi que a maioria dos profissionais dos média supostamente especialistas na modalidade pouco fazem para a divulgar, preferem passar a mensagem negativa que lhes vem imposta «de cima».
Entretanto, os melhores atletas saem, e também vamos para fora ensinar hóquei aos outros. O Pedro Antunes é um bom exemplo desta mesma situação. Se continuarmos assim, um dia destes a Suíça ganha a Portugal. Já faltou mais.
Queremos ver o hóquei na TV, nós e todos aqueles que só o conseguem ver pela RTPi. Temos de preservar as nossas tradições e acarinhar modalidades que tanto deram ao país. Está na altura de acordar. O diagnóstico está feito, é tempo de meter mãos à obra e esquecer os discursos de «crise» à volta do hóquei.
José Carvalho
Administrador do Portal dos Dragões
Muitos desportos viram o seu centro de poder e desenvolvimento sair de Lisboa para se descentralizarem. O hóquei em patins, como não podia deixar de ser, também se transformou muito. A título de exemplo, e ironias à parte, os derbies SCP-SLB já não se replicam anualmente nesta modalidade, em virtude de um dos clubes estar na 2ª divisão. O FC Porto, pelo seu lado, venceu 16 dos últimos 20 títulos. Anteriormente, os Dragões nunca tinham ganho nenhum!
Num país onde reina o «futebolês», e mais ainda o anti-portismo primário, isto é algo que faz muita confusão a muita gente.
As coisas mudam, os gostos e os hábitos alteram-se, e até dou de barato que apareçam novos desportos, como o futsal, que parecem atrair o interesse das massas, e desse modo «intrometer-se» entre os desportos que tradicionalmente têm maior impacto - futebol, andebol, basquetebol e hóquei em patins.
Mas o hóquei em patins deixou de estar na preferência dos portugueses? Claro que não. Qualquer Português que se preze vibra com uma vitória de Portugal e com um bom jogo de hóquei. Então porque é que parece que o hóquei parece proscrito do panorama desportivo nacional?
Há diversas razões, na minha modesta opinião. Precisamos de uma Federação forte e organizada ou então, em alternativa, uma Liga que seja capaz de constituir um chamariz para bons sponsors, e que saiba pelo menos organizar campeonatos e os respectivos calendários, de forma a salvaguardar o interesse dos seus clubes. Parece coisa óbvia, mas não é. Ou pelo menos não é no nosso hóquei em patins.
Temos uma Federação que faz «penar» os seus clubes em calendários apertados, e que deixa que as competições internas prejudiquem a acção dos clubes que ainda têm a coragem de nos representar no estrangeiro. Como é possível o FC Porto e o Candelária terem sido prejudicados como foram, quando representavam o país ao mais alto nível, em finais europeias?
Ouvimos desculpas esfarrapadas, sentimos o encolher de ombros e, sobretudo, uma total ausência de iniciativa, de dinâmica e de ideias. Vejam lá que o Presidente da Assoc. de Patinagem de Lisboa deixou escapar a seguinte «pérola»: «o que era bom era que o Benfica ganhasse o campeonato, isso é que seria bom para relançar o hóquei em patins!». Acho normal que o senhor em questão defenda um clube da sua associação, o que não acho nada normal é que se digam disparates.
Pelo amor de deus! Olhem se em Espanha se lembram de começar a apontar baterias para o sempre-campeão Barcelona? É que lá isso parece não ser problema, a OK Liga é a melhor liga do mundo, respira saúde e...sucesso.
Depois temos a questão dos «média», hoje em dia totalmente convertidos à lógica empresarial. Não interessa ser-se bom ou mau, sobrevive-se se se estiver enquadrado no grupo empresarial certo. As políticas editoriais de jornais e de TV não têm segredos: Privilegiar sempre as audiências e as massas. Sempre, sempre privilegiar quantidade em detrimento de qualidade. Depois dá no que vemos por aí. Às tantas, andamos a vangloriar segundos classificados e a esquecer-nos de quem realmente traz troféus para o país.
O hóquei em patins é actualmente demasiado «azul» para se encaixar nos projectos de sucesso em Portugal. Não há TV a aderir (e isto é quando não boicotam mesmo), não há sponsors fortes, enfim, é o chamado «abafanço», provavelmente até virem dias de «outras cores». Em Bassano, para a Final Four, estava UM jornalista Português, pasme-se. Isto dá uma dimensão muito real e preocupante do boicote a que me referi mais atrás.
No meio disto tudo, há um ou outro clube que continua a trabalhar bem, e com isso a colher frutos. Mas quando ganham não é por serem mais fortes, e por trabalharem mais? Não, aí entram os enredos complicados, os famigerados «sistemas». Estes sempre apresentam uma vantagem interessante: constituem o género de «lixo» que costuma vender bem em Portugal.
Mesmo correndo o risco de ser injusto, direi que a maioria dos profissionais dos média supostamente especialistas na modalidade pouco fazem para a divulgar, preferem passar a mensagem negativa que lhes vem imposta «de cima».
Entretanto, os melhores atletas saem, e também vamos para fora ensinar hóquei aos outros. O Pedro Antunes é um bom exemplo desta mesma situação. Se continuarmos assim, um dia destes a Suíça ganha a Portugal. Já faltou mais.
Queremos ver o hóquei na TV, nós e todos aqueles que só o conseguem ver pela RTPi. Temos de preservar as nossas tradições e acarinhar modalidades que tanto deram ao país. Está na altura de acordar. O diagnóstico está feito, é tempo de meter mãos à obra e esquecer os discursos de «crise» à volta do hóquei.
José Carvalho
Administrador do Portal dos Dragões
1 commentaire:
Parabéns J.Carvalho pelo teu excelente desempenho no portal dos dragões, um abraço.
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